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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Primeira passarinhada de 2012: mais um amigo da capital nos visita para passarinhar na "Pequena Londres" (e não foi só ele que se surpreendeu com o que encontrou por aqui)

    Demorou mas saiu! A primeira postagem de 2012!
   O reveillon foi bom, muita festa, alegria e esperança por dias melhores sempre, mas 2012 já começou e nada melhor do que uma boa passarinhada para iniciar bem o ano!
    E Se o primeiro dia de passarinhada servir de modelo para os que estão por vir, este ano Londrina nos reservará várias surpresas "ornitológicas"!
    Mas como de costume, vamos contar deste o início como decorreu esta passarinhada.
A majestosa Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron)
    Primeiramente eu (Renan Oliveira) fui contactado pelo serviço de mensagens do site Wikiaves, por um senhor chamado Sérgio Messias, residente da capital do estado do Paraná e que por indicação de Roberto Cirino (também de curitiba e que já passarinhou conosco), nos procurou para uma passarinhada, uma vez que  estaria nas redondezas da pequena Londres.
    Trocamos alguns e-mails e escolhemos a data da passarinhada (04/01/12), a primeira do ano!
    Já no dia da passarinhada, como de costume, levantamos cedo e 06:00 da manhã já estávamos prontos para nossa jornada. O local sugerido foi novamente um fragmento florestal na zona sul de Londrina, próximo ao distrito de Maravilha. É um pouco distante da zona urbana e durante a viagem presenciamos uma cena interessante de bando de Garças-boiadeiras (Bulbucus ibis) sendo "aterrorizadas" por um Gavião-tesoura (Elanus leucurus) sobrevoando baixo a estrada.
     Pouco tempo depois chegamos no local escolhido, eram aproximadamente 6:50 horas quando seguimos pela estrada que corta o fragmento até encontrar um local adequado para estacionar o carro.
     Descemos do carro e a mata estava um pouco silenciosa em relação aos outros dias que o Grupo de Ornitologia e Birdwatching da ONG MAE visitaram o local. Mas como passarinheiro que se preze não desiste tão fácil, seguimos a pé pela estrada aos poucos os amigos penosos foram despertando e botando suas Siringes (órgão responsável pelo canto das aves) para vibrar.
     E não demorou muito para que Sérgio se deslumbrasse com a rica diversidade de aves londrinense e toda aquela movimentação por entre os galhos e pelo céu. Primeiramente tentamos visualizar o sonoro Estalador (Corythopis delalandi), mas o bicho não deu moleza e acabamos por nos contentar com seu canto e "passamos pra outra".
     Em seguida foi possível ouvir algumas tímidas Juruvas-verdes (Baryphthengus ruficapillus) que não quiseram nos dar a graça de visualizá-las, mas tudo bem, os bichos tem seus motivos. Continuamos pela estrada e Sérgio me perguntou qual bicho era aquele que estava vocalizando sem parar, e eu disse que era o Barranqueiro-de-olho-branco (Automolus leucophthalmus) ave bem comum especialmente em nossas matas.
    Perguntei ao visitante se ele tinha foto deste bicho, e ele disse que não, então tentamos chamá-lo com técnica de playback (reproduzir o canto da ave) e a ave respondeu, mas adverti a Sérgio que se tratava de uma ave que adora viver na "quiçaça" cheia de cipós e galhos emaranhados, tornando a foto um grande desafio. Bom, como nós da ONG MAE somos contra ficar "azucrinando" o bicho com playback até que ele pare em um galho X com iluminação Y que torne a foto maravilhosa, logo nos demos por vencidos, mas o nosso visitante conseguiu ao menos ver um bicho, mas ficou sem foto.
    Continuamos pela estrada e começaram a surgir as imponentes Perobas e Figueiras que habitam o fragmento florestal, e como esperado, nosso amigo curitibano ficou de queixo caído com ambas, e resolver fazer algumas fotos. Comentei com ele que estas grandes árvores, especialmente as Perobas, costumam ser frequentadas por uma grande diversidade de aves, como Gaviões, Periquitos, Saíras e etc.
    Com o telescópio em mãos e mirado para a Peroba, fiz uma varredura visual e foi possível detectar um grupo de Jandaia-de-testa-vermelha (Aratinga auricapillus), um casal de Bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus), e um macho jovem de Viuvinha (Colonia colonus). Foi neste momento também que alertei Sérgio da vocalização da Tietinga (Cissopis leverianus), ave que lhe fora recomendada por Roberto Cirino e Luciano Campestrini. Mas diferente da outra ocasião onde a ave não deu muita sopa, desta vez elas deram um banho e posaram para foto várias vezes e de várias maneiras. Sérgio se deleitou com as cenas e fez várias fotos desta ave maravilhosa, dentre elas a mostrada a seguir onde 3 indivíduos ficaram praticamente parados em um galho "no limpo", que é quando não há nada na frente nem atrás da ave, coisa linda!
Tietingas fotografas por Sérgio Messias (uma Trietinga como ele mesmo classificou).
http://www.wikiaves.com.br/544589&t=u&u=7275&p=4

    Seguimos em frente e logo pude ouvir os Anambés, tanto Anambé-branco-de-cauda-preta (Tityra cayana) quando o Anambé-branco-de-bochecha-parda (Tityra inquisitor), avisei Sérgio que eles estavam por perto e não demorou para que fossem encontrados. Eis uma fêmea do Anambé-branco-de-cauda-preta fotografada pelo nosso amigo da capital.
Fêmea de Anambé-branco-de-cauda-preta (Tityra cayana)
http://www.wikiaves.com.br/544600&t=u&u=7275&p=3

    Outro bicho ainda despertava curiosidade no visitante, era o Chocão-carijó (Hypoedaleus guttatus), uma ave bastante comum nas nossas matas de solo vermelho mas que tem hábito de copa. Ou seja, é uma ave que costuma ficar grande parte do tempo nas partes mais altas das árvores, e as vezes, desce para estratos mais baixos por densos emaranhados de cipó, tornando a foto um desafio. E para a "ajudar" o bicho é inquieto e raramente fica parado, mas ainda assim, Sérgio conseguiu uma foto que nós ornitólogos costumamos chamar de "pra registro", pois não é uma foto maravilhosa mas marca o momento e comprova que você viu o animal, confiram abaixo.
Chocão-carijó (Hypoedaleus guttatus)
http://www.wikiaves.com.br/544602&t=u&u=7275&p=4
    No final da estrada, quando paramos um pouquinho para tomar uma água e conversar sobre o que ele estava achando do passeio até então, quando ouvi o Canário-do-mato (Basileuterus flaveolus), uma ave típica de cerrado e o Paraná representa o limite mais ao sul de distribuição no Brasil. A ave se aproximou bastante e ficou fácil de visualizá-la a olho nu, mas ela não deu mole para foto. Mas mesmo assim Sérgio não perdeu o "lifer" e registrou o bicho gravando seu canto. Quem quiser conferir pode acessar o link http://www.wikiaves.com.br/539166&p=1&tm=s&t=u&u=7275 e escutar o belo canto desta ave.
    Como havia acabado a estrada, começamos o caminho de volta e "revisamos" praticamente todos os bichos que já havíamos detectado. Mas as maiores surpresas do dia ainda estavam por vir. Uma delas, surgiu quando chegamos ao carro e paramos para tomar um pouco de água, quando Sérgio me disse "Renan, olhe pra cima, o que é aquilo? Urubu-rei?".
      Imediatamente virei os olhos para cima e lá estava, um jovem Urubu-rei, ave raríssima de se visualizar em Londrina. Confirmei o registro para meu amigo curitibano com entusiasmo de uma criança (ééé passarinheiro tem dessas), e completei dizendo que era o primeiro registro desta espécie para o fragmento. Corri para buscar a câmera e fiz algumas fotos. Um belíssimo registro que serve para ilustrar o quão surpreendente é a avifauna Londrinense. Aí vai uma foto desta ave magnífica!
Urubu-rei jovem (Sarcoramphus papa)
http://www.wikiaves.com.br/538167&p=1&t=u&u=3134
     E as surpresas não pararam por aí. Já fora da mata, voltando pela estrada - de asfalto mesmo hehehe - a caminho de casa, passarinheiro que se preze não perde nada que esteja "dando sopa" na beira da pista. E no meio do caminho eis que avistamos uma enorme ave branca pousada numa árvore, muito próxima da pista. Sérgio pergunta "Nossa, é um Tuiuiú (Jabiru mycteria)?" e notando o detalhe negro na asa alertei "Não, é um Cabeça-seca (Mycteria americana)", ave da mesma família do Tuiuiú, a Ciconiidae, mas um pouco menor, com bico levemente curvado para baixo e sem o papo-vermelho de seu irmão maior. Abri a porta para descer do carro e me aproximar, e o animal se assustou e voou. Uma pena, daria uma foto maravilhosa onde ele estava, mas nem sempre o bicho quer ser fotografado.
     Mas o mais incrível é que Sérgio, do alto de sua admiração pela enorme "cegonha" de cabeça preta e enrugada, resolveu seguir a ave com o carro, e não é que após algumas curvas ele a avistou em uma outra árvore muito, mas muito longe mesmo! A árvore pertencia a uma fazenda, e nos reservamos o direito de tentar fotografá-lo do lado de fora da cerca. O resultado foi outra "foto pra registro" mas foi talvez o primeiro registro fotográfico, e o recente da ave em nossa cidade. Aí vai a foto (in)devidamente ampliada!
Cabeça-seca (Mycteria americana)
http://www.wikiaves.com.br/538177&p=1&t=u&u=3134
     Tá, a foto está péssima, como disse é uma "pra registro", mas aí vai uma foto melhor do bicho, feita por outra pessoa em outro local para conhecer a ave em mais detalhes.

Cabeça-seca. Fonte: SINGER, M. (2010).
http://www.wikiaves.com.br/223612&t=s&s=10183&p=1
     Bom pessoal, é isso. Esta primeira passarinhada de 2012 foi extremamente proveitosa e nos deu a entender que este será um ano de grandes surpresas para nossa "Pequena Londres". Então novamente fica a dica, Londrina é uma ótima cidade para a prática de observação de aves. E nós da ONG MAE oferecemos este serviço para qualquer pessoa, seja profissional ou apenas entusiasta.
     Caso se interessem pela atividade, entre em contato pelo email gtaongmae@gmail.com, que nós agendamos um local e uma data adequados ao seu gosto. Nossa missão é mostrar para todo o povo Londrinense e até mesmo do Brasil, as riquezas que ainda existem em nossa região, para que todos aprendam a valorizar natureza e sejam sensibilizados para que atuem e exijam a sua preservação.
     
PS: Abaixo segue a lista completa das espécies registradas na primeira passarinhada de 2012.
  1. Alma-de-gato (Piaya cayana)
  2. Anambé-branco-de-bochecha-parda (Tityra inquisitor)
  3. Anambé-branco-de-rabo-preto (Tityra cayana)
  4. Anu (Crotophaga ani)
  5. Anu-branco (Guira guira)
  6. Arapaçu-de-bico-torto (Campylorhamphus falcularius)
  7. Arapaçu-grande (Dendrocolaptes platyrostris)
  8. Arapaçu-verde (Sittasomus griseicapillus)
  9. Barranqueiro-de-olho-branco (Automolus leucophthalmus)
  10. Beija-flor-de-banda-branca (Amazilia versicolor)
  11. Beija-flor-de-testa-roxa (Thalurania glaucopis)
  12. Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)
  13. Bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus)
  14. Benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons)
  15. Bico-chato-de-orelha-preta (Tolmomyias sulphurescens)
  16. Bico-virado-carijó (Xenops rutilans)
  17. Borralhara (Mackenziaena severa)
  18. Cabeça-seca (Mycteria americana)
  19. Cabeçudo (Leptopogon amaurocephalus)
  20. Canário-do-mato (Basileuterus flaveolus)
  21. Caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus)
  22. Caneleiro-preto (Pachyramphus polychopterus)
  23. Choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens)
  24. Chocão-carijó (Hypoedaleus guttatus)
  25. Chopim (Molothrus bonariensis)
  26. Choquinha-lisa (Dysithamnus mentalis)
  27. Chupa-dente (Conopophaga lineata)
  28. Enferrujado (Lathrotriccus euleri)
  29. Falcão-peregrino (Falco peregrinus)
  30. Frango-d’água-comum (Gallinula galeata)
  31. Garça-branca-pequena (Egretta thula)
  32. Garça-vaqueira (Bulbucus íbis)
  33. Gaturamo-verdadeiro (Euphonia violácea)
  34. Guaracava-cinzenta (Myiopagis caniceps)
  35. Guaxe (Cacicus haemorrhous)
  36. Jaçanã (Jacana jacana)
  37. Jandaia-de-testa-vermelha (Aratinga auricapillus)
  38. Juriti (Leptotila rufaxilla)
  39. Juriti-pupu (Leptotila verreauxiI)
  40. Juruva-verde (Baryphthengus ruficapillus)
  41. Limpa-folhas-de-testa-baia (Philydor rufum)
  42. Limpa-folhas-ocráceo (Philydor licktensteni)
  43. Maitaca-verde (Pionus maximiliani)
  44. Maria-cavaleira (Myiarchus ferox)
  45. Marianinha-amarela (Capsiempis flaveola)
  46. Mariquita (Parula pitiayumi)
  47. Nei-nei (Megarhynchus pitangua)
  48. Papa-taoca-do-sul (Pyriglena leucoptera)
  49. Periquitão-maracanã (Aratinga leucophthalmus)
  50. Periquito-rico (Brotogeris tirica)
  51. Pia-cobra (Geothlypis aequinoctialis)
  52. Pica-pau-anão-de-coleira (Picumnus temmincki)
  53. Pica-pau-branco (Melanerpes candidus)
  54. Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus)
  55. Pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens)
  56. Pichororé (Synallaxis ruficapilla)
  57. Pitiguari (Cychlaris gujanensis)
  58. Pomba-galega (Patagioenas cayenensis)
  59. Pombão (Patagioenas picazuro)
  60. Pula-pula (Basileuterus culicivorus)
  61. Quiri-quiri (Falco sparverius)
  62. Rabo-branco-acanelado (Phaethornis pretrei)
  63. Rabo-branco-pequeno (Phaethornis squalidus)
  64. Rolinha-roxa (Columbina talpacoti)
  65. Sabiá-barranco (Turdus leucomelas)
  66. Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)
  67. Sabiá-poca (Turdus amaurochalinus)
  68. Saci (Tapera naevia)
  69. Saíra-de-papo-preto (Hemithraupis guira)
  70. Sanhaçu-cinzento (Thraupis sayaca)
  71. Sovi (Ictinia plúmbea)
  72. Suiriri (Tyrannus melancholichus)
  73. Surucuá-variado (Trogon surrucura)
  74. Tesourinha (Tyrannus savana)
  75. Tiê-de-topete (Lanio melanops)
  76. Tiê-do-mato-grosso (Habia rubica)
  77. Tiê-preto (Tachyphonus coronatus)
  78. Tietinga (Cissopis leverianus)
  79. Tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis)
  80. Tovaca-campainha (Chamaeza campanisona)
  81. Trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata)
  82. Trinca-ferro-verdadeiro (Saltator similis)
  83. Tuim (Forpus xanthopterygius)
  84. Tziu (Volatinia jacarina)
  85. Urubu-rei (Sarcoramphus papa)