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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Nova espécie para Londrina: o Turu-turu (Neocrex erythrops)

Turu-turu (Neocrex erythrops) encontrado em Londrina - PR.

   Eu sei, a foto impressiona, mas calma, é por um bom motivo!
Eis que numa tarde qualquer (30/11/2015), um colega passarinheiro da "nova safra", me contacta com certa urgência, para a identificação de uma ave que fora encontrada morta próximo à sua casa faziam algumas horas.
O nome do garoto é Breno Tamarozzi, e com apenas 13 anos já angariou uma quantidade de fotos e registros de aves de fazer inveja a muitos veteranos (Breno no Wikiaves).
   Pois bem, ele me enviou a foto do "falecido", e a primeira vista, pela tela do computador, me veio a mente o Inhambú-chororó (Crypturellus parvirostris),  mas a dúvida ainda pairava. Afinal, o bicho apareceu no meio da cidade, e era um tanto inimaginável ser uma espécie até então nunca registrada por essas bandas.
Na dúvida, Breno colocou na página de identificação de aves do Facebook, e identificaram como Turu-turu (Neocrex erythrops). Fiquei perplexo com a situação, por se tratar de uma espécie pouco estudada, e cuja distribuição no Paraná é meio enigmática. Em uma busca rápida a acervos digitais, encontrei um único registro confirmado de Turu-turu no Paraná, que foi de um espécime coletado à margem do Rio Chopim (Pato Branco - PR) em 2001, e que está tombado no Museu de Historia Natural Capão da Imbuia (confira no Livro Vermelho do Paraná). Eu acredito que possam existir outros registros no estado, mas que ainda não foram divulgados, ou talvez estejam restritos à alguma universidade ou no prelo de alguma revista científica. Mas é inegavel que se trata de uma ave muito pouco conhecida por aqui.
   Breno pediu que eu fosse lá ver o bicho, e depois levar na Universidade Estadual de Londrina (UEL), pra mostrar para os professores e pesquisadores de lá.
Foi o que fiz, e depois de constatar ser mesmo o Turu-turu, fui para a UEL dos mais renomados pesquisadores de ornitologia do Brasil, o prof. PhD. Luis dos Anjos. Ele ficou extremamente surpreso, e destacou a capacidade de deslocamento destas aves "de brejo" que de tão dinâmicas fica difícil prever onde aparecerão e o por que da ocorrência. Perguntei pro professor se podíamos tombar o bicho no Museu de Zoologia da UEL, para que fique registrada oficialmente a ocorrência da espécie pra Londrina - PR. Ele de imediato me acompanhou até o responsável pelo Museu, e deixamos a ave lá para ser tombada.
   É mais uma espécie para nossa querida Londrina (que será incluida na primeira versão do nosso checklist de 2016) e que vem pra lembrar que jamais devemos considerar como "definitiva" a lista de espécies de qualquer lugar. Sempre haverão aquelas espécies que desaparecem enquanto outras surgem. Os motivos reais dessas mudanças dificilmente compreenderemos por completo. 
   O que importa, é interferirmos o mínimo possível nessa dinâmica. Será que nós humanos somos capazes de sermos apenas espectadores e não os diretores dessas mudanças?
   E para finalizar, que o próximo encontro com o Turu-turu seja com ele vivo e cantarolando, esteja onde estiver dentro da nossa querida Londrina. Bora procurar esse pequeno fantasma do brejo! ;)
   Confira algumas fotos do Turu-turu no Wikiaves.